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Virtudes da linguagem verbal
Nos dias atuais, a comunicação humana precisa
ser eficiente e rápida, especialmente a linguagem
verbal. Não tenha dúvidas: além da aparência
pessoal, muitas vezes o sucesso de suas pretensões
depende da maneira como você se comunica. Assim, esteja
atento para as virtudes de estilo ou qualidades da boa linguagem.
Veja a seguir os fatores que influem positivamente no processo
da comunicação verbal:
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Correção – É a conformidade
com a norma dita culta, padrão lingüístico
definido pela elite como seu. Quem quiser ascender socialmente,
deve dominá-lo, caso contrário, estará
“excluído”, ressalvadas as exceções
que só confirmam a regra. O emprego da norma culta é
requerido na escola, nas repartições e empresas
públicas, na imprensa e nas manifestações
lingüísticas escritas em geral. A correção
ortográfica e gramatical atua na formação
de imagem favorável junto aos receptores das mensagens.
Por exemplo: na redação do seu currículo,
procure caprichar o mais possível, pois do outro lado
poderá estar alguém muito exigente quanto a este
item. A correção gramatical obtém-se com
muita leitura dos chamados “bons autores”, não
necessariamente clássicos, e com muito treino sob assistência
de professor. Repare que a norma culta comporta dois padrões:
o formal (escrito) e o coloquial (oral), que apresentam diferenças.
A respeito, leia a Dica
n.º 034. |
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Concisão – É a objetividade na
expressão de forma a transmitir-se o máximo de
idéias com o mínimo de palavras. Evite a “enrolação”
e seja direto. Muitas vezes, o leitor do seu texto tem pouco
tempo e quase nenhuma paciência disponível. A linguagem
direta, sem rebuscamentos e excesso de adjetivações,
comunica melhor. O contrário da concisão é
a prolixidade. O jornalista Elio Gaspari, que escreve
nas edições de domingo do jornal Folha de
S. Paulo, ironiza a prolixidade na seção
“Curso Madame Natasha de Piano e Português”,
como neste trecho: “Natasha concedeu mais uma de suas
bolsas de estudo a Sérgio Fausto, assessor da Secretaria
Executiva do Ministério da Fazenda. Ele informou que
muitos brasileiros ‘sofrem de carência alimentar’.
Madame acha que ele podia ter dito ‘fome’”.
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Clareza – Trata-se de virtude essencial da comunicação
e seu oposto é a ambigüidade
– também chamada anfibologia – e
a obscuridade.
A clareza permite a perfeita transmissão do pensamento
e a indubitável expressão da vontade e dos desejos.
É obtida com auxílio da concisão e da simplicidade,
o que equivale a dizer: predomínio do uso de vocábulos
de alta freqüência (palavras mais acessíveis
ao receptor comum), períodos curtos e ordem direta. Há
certas categorias profissionais que se esmeram na linguagem
rebuscada, quase incompreensível, na vã ilusão
de que com isso impressionam. Ledo engano. Não perca
de vista a adequação do nível de linguagem
ao público a quem se dirige: conforme os destinatários,
você precisará empregar a norma popular em vez
da culta, pois esta poderá não ser compreendida.
O ideal é o falante ser “poliglota na sua própria
língua”. A respeito, leia BECHARA,
1989. |
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Precisão – Na construção
do texto (oral ou escrito), procure colocar a palavra certa
no lugar certo. A expressão precisa é importante
para você atingir o objetivo de comunicar exatamente o
que pretende e evitar mal-entendidos. A prática constante
da leitura e da escrita e exercícios com sinônimos
ajudam a desenvolver a precisão. O contrário é
a imprecisão ou mesmo a obscuridade, muitas vezes causadas
pela inadequação vocabular. |
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Naturalidade – É a fluência da comunicação
verbal sem preocupação exagerada com a correção.
Para alcançar-se a naturalidade, deve-se evitar a linguagem
rebuscada – o chamado preciosismo, o emprego,
por exemplo, de excesso de vocábulos de baixa freqüência
(palavras de significado desconhecido da maioria das pessoas)
–, o abuso da ordem inversa e, na expressão oral,
o linguajar próprio do padrão formal (língua
escrita). Imagine, por exemplo, em bate-papo num barzinho, alguém
dizer “você ver-se-á em
maus lençóis se continuar a insistir naquilo".
A respeito, leia a Dica
n.º 034. |
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Originalidade – Procure ser original ou, como
se costuma dizer, “ser você mesmo”. É
claro que o que é bom pode ser utilizado, mas de forma
moderada, sem cair na imitação servil. A originalidade
na expressão revela o estilo de cada um e, como já
dizia Buffon, “o estilo é o próprio homem”.
Com o tempo, seu estilo vai-se definir mediante certas preferências
vocabulares e de construção frasal e isso vai
evidenciar sua marca e mostrar visão própria do
mundo. |
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Nobreza – É atributo da linguagem, especialmente
escrita, livre de palavras e expressões vulgares e mesmo
obscenas. O texto nobre é aquele que qualquer pessoa
pode ler “sem censura”. A gíria, salvo situações
particulares e justificadas, deve ser evitada na linguagem escrita.
Observe que neste tópico aplica-se perfeitamente a distinção
entre padrão formal e coloquial. Assim como não
cabe o primeiro na comunicação oral, o segundo
não se compatibiliza com o texto escrito. |
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Harmonia – A prosa harmônica prima pela
adequada escolha e disposição dos vocábulos,
pelos períodos não muito longos e pela ausência
de cacofonias, especialmente o eco. É
o texto cuja leitura dá prazer. |
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Colorido e elegância – Atributos que valorizam
sobremaneira a expressão verbal pela adequada seleção
vocabular e, entre outros fatores, pelo emprego comedido e adequado
das figuras de linguagem. A contínua
leitura e a prática constante da escrita possibilitam
adquirirem-se estas virtudes. Portanto, você já
sabe: muita leitura e muito treino. |
Para aperfeiçoar seu texto, evite as cacofonias,
a repetição vocabular (por isso, a importância
dos exercícios com sinônimos e do uso do dicionário)
e faça economia do “que”, dos pronomes possessivos
e dos artigos indefinidos. Leia mais sobre isso na Dica
n.º 01. Texto com palavras repetidas muito proximamente
demonstra desleixo na escrita ou pobreza de recursos vocabulares.
Agora, verifique se você assimilou o conteúdo
apresentado clicando aqui.
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