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Norma culta - Padrão formal vs. coloquial
Norma culta nada mais é do que a modalidade lingüística
escolhida pela elite de uma sociedade como modelo de
comunicação verbal. É a língua
das pessoas escolarizadas. Ela comporta dois padrões:
o formal e o coloquial:
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Padrão formal - É o
modelo culto utilizado na escrita, que segue rigidamente
as regras gramaticais. Essa linguagem é mais elaborada,
tanto porque o falante tem mais tempo para se pronunciar
de forma refletida como porque a escrita é supervalorizada
na nossa cultura. É a história do "vale
o que está escrito". |
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Padrão coloquial - É
a versão oral da língua culta e, por ser
mais livre e espontânea, tem um pouco mais de liberdade
e está menos presa à rigidez das regras
gramaticais. Entretanto, a margem de afastamento dessas
regras é estreita e, embora exista, a permissividade
com relação às "transgressões"
é pequena. |
Assim, na linguagem coloquial, admitem-se, sem grandes traumas,
construções como "Ainda não vi
ele", "Me passe o arroz" e "Não
te falei que você iria conseguir?",
inadmissíveis na língua escrita. O falante culto,
de modo geral, tem consciência dessa distinção
e ao mesmo tempo em que usa naturalmente as construções
acima na comunicação oral, evita-as na escrita.
Contudo, como se disse, não são muitos os desvios
admitidos, e muitas formas peculiares da norma popular são
condenadas mesmo na linguagem oral. Construções
como "Nóis foi na fazenda" (o "na"
ainda seria tolerado) e "Ele pagou dois milhão
pelos boi" são impensáveis na boca
de um falante culto em ambiente culto, pois passam a quem ouve
a impressão de total falta de escolaridade de parte de
seu autor. Já em ambiente inculto seriam apropriadas:
é a história de "Em Roma, como (fazem) os
romanos". (Veja também a pág. Você
sabia? n.º 25.) Por outro lado, usos próprios
do padrão formal empregados na língua oral costumam
parecer forçados ou artificiais no falar despreocupado
do dia-a-dia e configuram o que se chama de preciosismo.
É o caso de, num bate-papo, ouvirem-se certos empregos
do pronome oblíquo - "Ainda não o
vimos por aqui" -, flexões do mais-que-perfeito
do indicativo - "Eu ainda não entrara no
Banco quando aquilo aconteceu - e, o que é pior, o uso
da mesóclise, como em "Você
ver-se-ia em maus lençóis se continuasse
a insistir naquilo". Moral da história: assim como
se usa traje apropriado para cada situação social,
também se use o padrão lingüístico
adequado para as diferentes situações de comunicação
social.
Leia mais a respeito em:
Ensino
da Gramática; opressão? Liberdade?,
de Evanildo Bechara, principalmente o capítulo
"Gramática e ensino".
Estrutura
da língua portuguesa, de Joaquim Mattoso
Camara Jr., pp. 9-10.
Manual
de expressão oral e escrita, de Joaquim
Mattoso Camara Jr., cap. I - "A boa linguagem",
item II - Língua oral e língua escrita.
Moderna
gramática portuguesa, de Evanildo Bechara,
pp. 23-24.
Nova
gramática do português contemporâneo,
de Celso Cunha e Lindley Cintra, pp. 4-8. |
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