SonorizaçãoMudança fonética que consiste na passagem de consoante surda (em cuja produção não há vibração das cordas vocais) a sua homorgânica sonora (em que há tal vibração). Situação muito comum de ocorrência desse fenômeno é a das consoantes intervocálicas, em que a sonoridade das vogais influencia a consoante. Assim, tivemos, do latim para o português: lupu > lobo, citu > cedo e amicu > amigo. Há, entretanto, vários casos em que isso não ocorreu por causas várias, como em bucca > boca, peccare > pecar, siccu > seco, ossu > osso e passu > passo. Em acceptare > aceitar, paucu > pouco e raucu > rouco, a permanência da consoante surda deveu-se à proximidade de /y/ e de /w/, pelo traço consonantal das semivogais. Por outro lado, encontram-se casos de consoantes iniciais surdas que se sonorizaram, como em camella > gamela e cattu > gato. Esse fato costuma ser atribuído ao sândi, já que na cadeia da fala muitas vezes essas palavras eram precedidas por outras que terminavam em vogal e assim a consoante surda ficava, na prática, entre vogais, com em mea camella (minha gamela) e ille cattu (aquele gato). (Veja também a pág. Você sabia? n.º 36.)

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