Sobre o "não"
A palavra “não” classifica-se normalmente
como advérbio (de negação) e dessa forma,
na estrutura da frase, é considerada adjunto adverbial
– pois se vincula ao verbo –, como em “Não
® pise no tapete”,
“Pensei que Leo não ®
viesse hoje” e “Os paulistas não
® gostamos de coentro”.
Pode acontecer também de esse vocábulo negativo
compor substantivos. Nesta hipótese, funciona como
elemento de composição, mais precisamente como
morfema de negação, e é
escrito sempre com hífen. Exemplos: “Gandhi pregava
a não-violência”, “O
Brasil apóia a política da não-intervenção
em outros países” e “Esse conceito obedece
o princípio da não-contradição”.
Repare ainda que às vezes o “não”
pode aparecer em contextos similares aos do parágrafo
precedente e você pode ser tentado a colocar o hífen
depois dele. Fique atento a isso, pois, na verdade, trata-se
de outro caso, o de verbo subentendido, como em “Tânia
é pessoa não submissa”
e “Não satisfeito, ele ainda
rompeu relações com o vizinho”. Explicitado
o verbo, as construções oracionais ficam: “Tânia
é pessoa que não é
submissa” e “Não tendo
ficado satisfeito, ele ainda rompeu relações
com o vizinho”. Naquelas condições, não
cabe, pois, o hífen.
Lembramos ainda que o “não” pode ser classificado
como substantivo (e nesse caso pode-se flexionar) se antecedido
de artigo – definido ou indefinido –, adjetivo
ou numeral, como em “O (artigo definido)
não que você proferiu foi vigoroso,
hem?”, “Recebi um (artigo indefinido)
não como resposta”, “Rodrigues
distribuiu vários (adjetivo) nãos
aos subordinados” e “Eu não disse dois,
foi apenas um (numeral) não”.
Finalmente, observamos haver contextos em que o “não”
funciona apenas como partícula expletiva,
como nestes exemplos: “Imagine o que ele não
faria se fosse rico” = “Imagine o que ele faria
se fosse rico”; “Veja a que nível de baixaria
essas pessoas não chegaram”
= “Veja a que nível de baixaria essas pessoas
chegaram” e “Ah, que sucesso eu não
faria se tivesse a cara do Brad Pitt!” = “Ah,
que sucesso eu faria se tivesse a cara do Brad Pitt!”.
Nestes contextos, o emprego do “não” é
estilístico. Isso implica ele poder ser retirado sem
alteração do sentido geral do texto, mas se
isso ocorrer a frase perderá um pouco de sua força
expressiva.
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