Dica n.º 95 - Sexta, 15.11.2002
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Concordância verbal – Sujeito composto posposto

Nos casos em que o sujeito composto antecede o verbo, este vai naturalmente para o plural por serem mais de um os praticantes da ação. Por exemplo, “Carlos e Marina são pessoas íntegras” e “Vanessa e Gabriel viajaram para Alagoas”.

Entretanto, quando o sujeito composto está posposto, isto é, quando está posto depois do verbo, este pode permanecer no singular, como faz Manuel Bandeira em “Rua da União, onde todas as tardes passava a preta das bananas com o xale vistoso de pano da Costa e o vendedor de roletes de cana” (CUNHA, 2000: 498). Assim também “Chegou o novo televisor de 30 polegadas e o revolucionário DVD” e “Apareceu a ilha Redonda e a Siriba”.

Observe o que diz Napoleão Mendes de Almeida: “Preste atenção o aluno aos dizeres da regra: ‘...poderá o verbo...’ – Não há obrigação de ficar no singular o verbo; preferem muitos pô-lo no plural, talvez por temor de críticas de ignorantes em assuntos gramaticais. Segundo Cândido de Figueiredo, o verbo anteposto aos sujeitos deve ficar sempre no singular, mesmo nos casos em que os últimos elementos do sujeito estejam no plural (“Morreu Pedro e todos os que lá estavam”), porque assim exige a índole da língua e a prática dos melhores mestres” (ALMEIDA, 1999: 449, § 727, Notas, 1.ª).

Ficará também o verbo no singular se for antecedido de expressões como é necessário ou é preciso: “É necessário paciência e perseverança para se atingir a meta” e “É preciso atenção e perspicácia para descobrir onde está Wally”.

Se o sujeito composto formar-se de nomes próprios, será melhor a concordância no plural, como em “Foram aprovados Adilan, Ronan e Luiz Eduardo” e “Discursarão Lula e José Alencar”. Se o verbo for “ser” seguido de substantivo flexionado no plural, deverá ir para o plural: “Foram prefeitos de Barretos Benedito Realindo Corrêa e João Batista da Rocha” e “São meus primos o Adirlei e a Avani”.

Irá também o verbo para o plural se encerrar idéia de reciprocidade, como em “Após a cerimônia, beijaram-se Gustavo e Simone” e “Consta que lutaram a noite inteira Jacó e o anjo”.

Leia mais em:
Dicionário de questões vernáculas, de Napoleão Mendes de Almeida, verbete “É preciso calma”.
Gramática metódica da língua portuguesa, de Napoleão Mendes de Almeida, § 727, inclusive as Notas.
Nova gramática do português contemporâneo, de Celso Cunha e Lindley Cintra, pp. 497-498.
Saite do prof. Paulo Hernandes, Dica n.º 30.

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