À
toa e à-toa
Essas expressões diferem na grafia, no significado
e na classe de palavras. Vejamos:
À toa – Grafada sem hífen, essa locução
adverbial significa “a esmo, sem objetivo definido,
sem proveito”: “Ficou andando à toa por aí”, “Está
lá, escrevendo à toa” e “Cansei-me à toa”.
À-toa – Com hífen, é locução
adjetiva e significa “desprezível, sem importância,
inútil”: “Aquele é sujeito à-toa mesmo”, “É besteirinha,
coisa à-toa” e
“Não adianta, é ajuda à-toa”. Apesar de funcionar como
adjetivo, não varia: “São papéis à-toa”.
As duas têm pronúncia idêntica e, por isso, são consideradas,
tecnicamente, homônimas
homófonas. Embora o Aurélio
registre como étimo (palavra de origem) o inglês tow,
lê-se em ALMEIDA,
1981: 5 (verbete “A toa”) que “toa” é vocábulo
que se origina do árabe tuha, que, por sua vez, provém do verbo taha,
“andar de forma errante, vagando, sem rumo”. Trata-se de termo
da linguagem náutica que quer dizer “cabo utilizado para um
navio rebocar outro que não tem propulsão própria”. Dessa
forma, a “toa”, ao rebocar o barco, impede que ele flutue
sem rumo. Da língua especializada, a expressão passou para
a língua geral.
O Aurélio registra essas locuções com “à”, embora
autores renomados dispensem a crase, conforme se vê em ALMEIDA,
1999, §§ 534 e
535. Assim, ainda que “à toa/à-toa” e “a toa/a-toa” sejam
formas corretas, recomenda-se aqui a observação do emprego da
crase nessas locuções conforme o exposto na Dica
n.º 40. |