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Curso a distância ou curso à
distância?
Na verdade, o que está em discussão é:
ocorre ou não crase nas locuções
adverbiais? O tema é bastante controverso
e não há acordo entre os autores. Assim,
quem escreve deve apoiar-se nos argumentos de algum
especialista renomado, quer opte por uma ou outra posição.
Duas correntes posicionam-se:
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a que admite crase nas locuções adverbiais
somente se, de acordo com a regra geral da crase, houver
emprego do artigo definido "a" ou se houver
risco de ambigüidade. Assim, em "Mantenha-se
à distância de 30 metros", "Ele
passa às vezes por aqui" e "A
irregularidade está à vista dos consumidores",
percebemos o emprego do artigo "a" e a crase
é justificada. Em "Recebeu a bala"
e "Já estudei a distância",
a clareza está comprometida, pois ficamos sem saber,
apenas por essas duas frases ambíguas, se a
bala e a distância são objetos
diretos ou adjuntos adverbiais, razão por que,
neste último caso, deve haver acento grave no "a"
dessas locuções - à bala e
à distância - para precisar o significado.
Entretanto, em "Temos curso a distância
nesta escola", "Os policiais foram recebidos
a bala" e "Faça a prova a tinta",
as locuções assinaladas não recebem
acento grave porque aí não há crase,
pois o artigo definido feminino não está
sendo utilizado. Tanto isso é verdade que se tentarmos
substituir os substantivos femininos por outros masculinos
não teremos a contração "ao",
mas o "a" se manterá, prova de que é
simples preposição. Teremos, por exemplo,
"Os policiais foram recebidos a pau (e não,
ao pau)" e "Faça a prova
a lápis (e não, ao lápis)".
Além do mais, naqueles dois exemplos, inexiste
o risco de ambigüidade. |
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a que entende dever haver sistematicamente crase nas
locuções adverbiais formadas de palavras
femininas sob o argumento da tradição,
ainda que tecnicamente não haja razão para
tal. Assim, devemos construir "Quase não se
escreve mais à máquina", "Você
pode emitir o recibo à mão",
"Paguei o lote à vista", "Rico
ri à toa", etc. |
Considero inconsistente o argumento da "tradição".
Só isso não constitui justificativa suficiente.
O entendimento da primeira corrente mencionada tem mais embasamento
lógico e, conseqüentemente, é o adotado
por mim. Finalmente, é preciso esclarecer não
ser adverbial, mas adjetiva a locução presente
no título desta página, pois ela modifica substantivo
(curso). Entretanto, as considerações aqui tecidas
valem também para ela.
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Leia
mais em:
Dica n.º
2, neste saite.
Dicionário
de questões vernáculas, de Napoleão
Mendes de Almeida, verbete "Crase".
Gramática
metódica da língua portuguesa, do mesmo
autor, § 535.
1001
dúvidas de português, de José De
Nicola e Ernani Terra, item "A máquina".
Não
erre mais!, de Luiz Antonio Sacconi, p. 354.
Português
ao alcance de todos, de Nélson Custódio
de Oliveira, item "Crase". |
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