Você sabia? n.º 72 - Sexta, 16.05.2003
www.paulohernandes.pro.br
 
     
 
 
Você sabia... que os sufixos tupi-guaranis güera, uera ou era, ao juntarem-se a um substantivo, atribuem-lhe significado de tempo passado, de algo que já foi ou passou? Vejamos os exemplos abaixo:
Tapera, de “taba-era” (taba, aldeia + era) = aldeia que não é mais, que está em ruínas.
Capoeira, de “capaum-era” [capaum (capão), ilha de mato + era)] = mato que foi e renasceu.
Manipuera, de “manib/manip-era” (manib/manip, mandioca + era) = a mandioca que já foi, ou seja, o resíduo venenoso que sobrou da mandioca aproveitada como alimento.
Ipueira, de “ipu-era” (i, água + era) = água que foi, ou seja, terreno alagado pelo transbordamento dos rios, onde a água se conserva por vários meses mesmo depois do retorno do rio ao seu leito.
Anhangüera, de “anhana-uera” (anhana, diabo + uera) = diabo que foi, “Diabo Velho”. Assim os índios chamaram o bandeirante Bartolomeu Bueno da Silva quando incendiou um pouco de aguardente colocada num prato fazendo-a passar por água para forçar os nativos e indicar-lhe jazidas de ouro.
Tabatingüera, de “tabatinga-uera” (tabatinga, argila esbranquiçada como cal usada para caiar + uera) = argila que se foi, que acabou.

Leia mais em:
A língua nacional e outros estudos lingüísticos, de João Ribeiro, pp. 114-115.
Dicionário histórico das palavras portuguesas de origem tupi, de Antônio Geraldo da Cunha.
Dicionário tupi-português e vice-versa, de Oberdan Masucci.