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Você sabia... quais são as principais causas
da arcaização lexical? Arcaização
lexical é o fenômeno que consiste na obsolescência
de palavras ou expressões em virtude de sua substituição
por outras novas. É processo lento e assim é
possível perceber-se que determinada palavra vai começando
a cair em desuso e qual lhe vai tomando o lugar.
Diversas causas promovem a arcaização: a dificuldade
de pronúncia, a necessidade de evitar-se confusão
com outras formas lingüísticas, o desgaste de
palavras tradicionais e o gosto pelo novo. Outra causa importante
é o desaparecimento de instituições,
costumes, objetos e funções, o que leva ao desaparecimento
dos nomes que os designavam. Por isso, arcaizaram-se aguadeiro
(vendedor de água em lombo de burro), besta
(arma para arremesso de flechas), catapulta (máquina
de guerra), gramofone (o vovô dos toca-discos),
mezinha (remédio caseiro), suserano (senhor
feudal).
Há vários meios pelos quais formas se tornam
arcaicas. São eles:
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1. |
Sinonímia - Acaba-se preterindo uma palavra
em benefício de sinônima já existente ou
de outra que aparece (neologismo): "aflição"
substituiu coita (daí "coitado"), "depressa"
substituiu asinha, "enquanto" substituiu mentres
ou mentre (compare com o espanhol mientras), "oficial
de justiça" substituiu meirinho, "testamento"
substituiu manda. |
2. |
Eufemismo
- Formas eufemísticas tomam o lugar das que passam idéia
desagradável ou ridícula: "cheirar mal"
ficou no lugar de feder (ainda usada), "dar à
luz" ficou no lugar de parir (referente à
mulher), "pontas" ficou no lugar de cornos.
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3. |
Degradação de sentido - Dos sentidos
possíveis, resta o negativo: manceba - de simples
feminino de "mancebo" (rapaz), ficou com o sentido
de "concubina" (daí "amancebado");
safado - de "gasto pelo uso" para "sem-vergonha",
"imoral", "sem caráter"; tratante
- antes, aquele que fazia trato, acordo; hoje, o que faz os
acordos e não os cumpre. Repare que esse fenômeno
está ocorrendo, em nossos dias, com tráfico:
de comércio ilegal em geral, o sentido começa
a se concentrar em "comércio ilegal de drogas". |
4. |
Polissemia - Uma forma fônica deixa de se associar
a um significado e passa a ligar-se a outro: formidável
- de "que causa medo (formido)" passa a "magnífico";
garçom - de "rapaz" passa a "empregado
de restaurante"; vela - passa de "sentinela"
a "dispositivo de iluminação". |
5. |
Homonímia - Muitas vezes, para evitar confusão,
um dos homônimos desaparece: sai ca ("porque";
compare com o francês car) e permanece "cá"
(aqui); sai u (onde) e permanece "u" (vogal);
sai osso (urso) e permanece "osso" (parte do
corpo). |
Alguns vocábulos "ressuscitam" após se
terem arcaizado: otário ficou décadas no ostracismo
e ressurgiu nos anos 80. O mesmo fenômeno ocorreu com arrefecer,
devaneio, esquivar, queixume, realeza, reclame (anúncio)
e timoneiro.
É preciso parcimônia no emprego das formas arcaicas,
e seu abuso constitui o vício de linguagem denominado arcaísmo.

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