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Você sabia... qual
a origem do ditongo nasal -ão?
Os ditongos au e ou - este último pode-se alternar
com oi - foram herdados do latim, mas o encontro vocálico
"ão" (notado foneticamente /ãw/), peculiar
do português, e os demais ditongos são criações
românicas. Isso quer dizer que surgiram durante a época
do romance ou romanço lusitânico (período de transição
do latim ao português) e transformaram-se posteriormente. Para
o ditongo final "-ão" confluíram as terminações
arcaicas -ão, -am e -om, estas por sua
vez correspondentes às latinas -anu, -ane, -one,
-udine, -unt, -um, -on, -ant, -a(d)unt,
como abaixo:
Forma latina
manu
pane
ratione
certitudine
sunt
in tunc > intum
non
dant
vadunt |
forma arcaica
mão
pam, pan, pã
razõ, razom,razon
çertidõe, çertidue, certidom
som
entõ, enton
non, nõ
dam
vam |
forma atual
mão
pão
razão
certidão
são (flexão do verbo ser)
então
não
dão
vão |
Como se vê, várias formas atuais que se escrevem com
"-ão" final já foram grafadas com "-am".
Isso pode explicar a confusão que se observa na escrita de
pessoas com deficiências de alfabetização. Nota-se
que confundem essas terminações e escrevem, por exemplo,
"amarão" no lugar de "amaram" e vice-versa.
Na verdade, a representação fonética
das duas formas é idêntica, o que mostra terem a mesma
seqüência de fonemas. O que difere é apenas a posição
do acento
tônico. Assim, no vocábulo "amaram",
representado /a'marãw/, o acento tônico recai sobre a
sílaba "ma", enquanto que em "amarão",
representado /ama'rãw/, recai sobre "rãw".
Mas os fonemas são os mesmos.
o0o
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