Pronome - Palavra gramatical que substitui ou pode substituir um nome (substantivo) ou a ele se refere: eu, lhe, isto, meu, etc. Exemplos: "Eu sou a força!", "Dê-lhe o recado", "Isto é seu", "Esse crachá é o meu". O pronome pode classificar-se em:

·  apassivador - É a função que a partícula "se" exerce na formação da voz passiva sintética ou pronominal. Neste caso, o sujeito é inanimado - incapaz de praticar a ação verbal - ou apenas paciente da ação: "Plantaram-se várias árvores no canteiro central", "Alugam-se quartos" e "Quero que se me devolva o dinheiro". [Note neste último exemplo que aparece um objeto indireto (me).] A função apassivadora do "se" é constatada ao converter-se a voz passiva sintética na analítica: "Várias árvores foram plantadas no canteiro central", "Quartos são alugados" e "Quero que o dinheiro seja devolvido para mim".

·  demonstrativo - Refere-se à posição (no tempo ou no espaço) de alguma coisa situada em relação a uma das pessoas gramaticais (a que fala, com quem se fala e de quem se fala) ou à identidade de alguma coisa ou então indica a distância de algo que aparece no texto. Os demonstrativos são:
  este esta isto 
esse essa isso
aquele aquela aquilo
 
..Este, esta e isto usam-se para indicar proximidade da primeira pessoa, a que fala: "Coloque a mesa neste (em + este) espaço", "Esta taça fica aqui", "Este ano promete muitas surpresas" (ano em que se está) e "Isto está atrapalhando a passagem". 
Esse, essa e isso são usados para indicar proximidade da segunda pessoa, a com quem se fala ("Esse carro é importado?", "Onde você comprou essa blusa?), ou da primeira e da segunda simultaneamente ("Está vendo esse menino aí? É filho da Márcia" e "Cuidado com a cabeça, que essa porta é baixa."). Com relação ao tempo, expressam proximidade passada ou futura: "Junho foi bem produtivo; nesse mês, trabalhei muito" e "Agosto vem aí. Esse mês promete ser bastante seco".
Aquele, aquela e aquilo expressam distanciamento, no espaço ou no tempo, de alguma coisa em relação à primeira e à segunda pessoas simultaneamente: "Aquela menina é minha prima" e "Aquilo aconteceu há muito tempo". 
No texto, usam-se os demonstrativos para indicar o ser ou coisa de que se falou: "Paulo, Afonso e Wagner seguiram carreiras diferentes. Aquele tornou-se bancário e este, advogado" (Aquele = Paulo e este = Wagner). Assim, aquele se refere ao termo mais distante e este, ao último citado. Demonstrativos como tal, mesmo, próprio servem para identificar alguma coisa: "Li XYZ. Não me agradou tal livro" e "Dá na mesma (coisa)". Usa-se mesmo/mesma para indicar que se trata de alguém ou algo de que já se falou ou já se sabe, distinguindo-o de outro alguém ou outra coisa: "Essa é a mesma salada de ontem". É inadequado dizer-se: "João foi promovido. O mesmo vai ser homenageado", pois neste caso não se está distinguindo João de ninguém mais.  topo

·  indefinido - Tem justamente essa função, a de "indefinir", ou porque não se sabe a identidade de algo ou por não se querer identificar. Designa a terceira pessoa gramatical de forma vaga, indeterminada. São pronomes indefinidos: alguém, algo, ninguém, qualquer, tudo, cada qual, quem quer que, etc. Exemplos: "Alguém está interessado em você", "Tenho algo para te mostrar", "Ninguém chegou na hora", "Qualquer pessoa faz isso facilmente", "Tudo ajudou", "Cada qual com seu igual" e "Quem quer que chegue atrasado não vai entrar". topo

·  interrogativo - É usado para se fazer questionamento, interrogação: quem (qual pessoa?), que (qual coisa? qual motivo?), qual (pessoa ou coisa dentre outras), onde (em que lugar?), quando (em que tempo?), quanto (que quantidade? de seres ou coisas). Exemplos: "Quem está aí?"; "Que há com você?", "Por que ela não veio?"; "Qual (ou quem) de nós vai primeiro?"; "Qual das janelas está quebrada?"; "Onde está o microfone?"; "Quando Luciana viaja?"; "Quanto custa?"; "Quantos já embarcaram?". topo

·  pessoal - Substitui um nome e ao mesmo tempo indica sua pessoa gramatical (a que fala, com quem se fala ou de quem se fala). Pode ser reto (eu, nós), oblíquo (me, nos) e de tratamento (você, a gente, vossa excelência, o senhor, fulano). Exemplos: "Nós é que somos os heróis", "Siga-me", "Você poderia passar-me o jornal?".
- oblíquo: é o que exerce, na frase, a função de complemento do verbo: me, o, lhe, se, nos, etc., como em "Beije-me mais uma vez", "Comprei-o num antiquário", "Não lhe responda", "Os dois se abraçaram fraternalmente", "Francisco nunca nos visitou". Como o pronome oblíquo exerce função complementar, orações como "Deixe para mim fazer" são incorretas de acordo com a norma culta, pois ele aí está desempenhando a função de sujeito. Neste caso, deve-se substituí-lo pelo pronome reto eu: "Deixe para eu fazer". topo

·  possessivo - Expressa noção de posse de uma das pessoas gramaticais (possuidor) em relação à coisa possuída: meu, teu, seu e os correspondentes plurais. Exemplos: "Meu filho chegou", "Teu cabelo está desalinhado" e "Seu ônibus já passou". Pelos exemplos, vê-se o grau de relatividade da "coisa possuída", pois nem sempre o possessivo exprime a noção de propriedade. Os pronomes oblíquos também podem desempenhar papel possessivo, como nestes exemplos: "Roubaram-lhe a carteira = roubaram a sua carteira" e "Conquistou-me a confiança = conquistou a minha confiança". topo

·  recíproco - É o que expressa reciprocidade da ação verbal. Isto significa que os agentes da ação praticam-na e ao mesmo tempo a recebem. Assim, em “Jonas e Alves abraçaram-se” e “Nós nos entendemos”, os verbos e os pronomes se e nos são recíprocos. Estes funcionam aqui como objetos diretos, mas, empregados com outros verbos, poderão classificar-se como objetos indiretos. Conforme a construção, tal pronome pode causar ambigüidade, razão por que, se queremos exprimir reciprocidade de ação, devemos utilizar as expressões um ao outro, uns aos outros, mutuamente e reciprocamente em benefício da clareza. Dessa forma, na oração “Oscar e Gouveia feriram-se”, não se sabe se ambos foram feridos por alguma causa externa, se cada um feriu-se individualmente ou se um feriu o outro. No primeiro caso, o “se” é pronome apassivador; no segundo, pronome reflexivo e no terceiro, pronome recíproco. Neste caso, para evitar a imprecisão, construímos: “Oscar e Gouveia feriram-se um ao outro” (ou “mutuamente” ou “reciprocamente”). É possível ainda empregarmos forma verbal na qual se integra o prefixo entre- para indicar claramente a reciprocidade, como em “Carlos e Daniela entreolharam-se”, isto é, ele olhou para ela e ela fez o mesmo em relação a ele.topo

·  reflexivo - Pronome pessoal oblíquo que, embora funcione como objeto direto ou indireto, refere-se ao sujeito da oração: me, te, se, si, nos, etc. O pronome reflexivo apresenta três formas próprias na terceira pessoa, do singular e plural: se, si e consigo. "Guilherme já se preparou", "Ela deu a si um presente" e "Antônio conversou consigo mesmo". Nas outras pessoas, os reflexivos assumem as mesmas formas dos demais oblíquos não-reflexivos: me, mim, te, ti, nos, vos: "Eu não me vanglorio disso", "Olhei para mim no espelho e não gostei do que vi", "Assim tu te prejudicas", "Conhece a ti mesmo", "Lavamo-nos no rio", "Vós vos beneficiastes com a Boa Nova". topo

·  relativo - É a palavra que, numa oração, refere-se a um termo de outra, o antecedente (que vem antes): que, o qual, quem, cujo. Exemplos: "Este é o disquete que eu trouxe" (que ® disquete); "Tal o caráter herdado dos pais, o qual era preciso manter" (o qual ® caráter; se fosse empregado "que", o sentido ficaria ambíguo, pois não se saberia o que era preciso manter); "Foi ele a quem me dirigi" (quem ® ele); "Estou falando da parede cuja pintura está manchada" (cuja ® da qual a). O pronome relativo que distingue-se de outros “ques” por poder ser substituído por o qual, a qual, os quais, as quais. É preciso cuidado no emprego do que quando houver mais de um antecedente, para garantia da clareza. Veja este período: “Joaquim é o pai do Renato, que nasceu em Alagoas”. Quem nasceu em Alagoas? Igual cuidado merecem outros relativos. Assim, em “Visitamos Itaporã e Icatu, onde se localiza a Escola de Belas-Artes”, não se sabe em qual cidade se situa a escola. topo

·  de tratamento - Palavra ou expressão que vale por pronome pessoal. São eles: a gente, beltrano, fulano, sicrano, sua majestade, sua senhoria (e outros similares), você, Vossa Alteza, Vossa Excelência (e outros similares). Os pronomes de tratamento, apesar de serem da segunda pessoa gramatical (referem-se à pessoa com quem se fala), são considerados de terceira pessoa. Assim, levam o verbo e outros pronomes (oblíquos e possessivos) para a terceira pessoa, como em “Vossa Excelência esqueceu-se do compromisso”, “Sua agenda permite a Vossa Reverendíssima encontrar-se com o prefeito” e “Você foi lá?”. topo


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