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Cacofonia - Qualquer vício
de linguagem fonético, geralmente resultado da proximidade
não-intencional de palavras com sílabas ou fonemas
idênticos ou parecidos (do grego cacos, mau, feio,
defeituoso, e fonos, som, voz). As cacofonias compreendem:
· assonância
- Repetição de sílabas idênticas em
vocábulos próximos: "um novo povo",
"balão de São João",
"Pude ver, nesta oportunidade, a realidade
desta cidade".
· cacófato
- Encontro de sílabas que formam nova palavra de sentido
ridículo ou obsceno: "É de pôr com
a mão", "Tirei da boca dela". Há
casos de cacófatos internos ou intravocabulares, em que
as sílabas da mesma palavra podem ser lidas de maneira
separada de modo a produzir novas formas, inconvenientes: "É
mulher que se disputa".
· colisão
- Repetição de consoantes que torna difícil
ou incômoda a pronúncia: "O trem entrou
nos trilhos através da tração
das três locomotivas" e "O rato
roeu a roupa de renda da rainha do
rei da Rússia".
· eco
- Repetição de sílabas idênticas, com
algum intervalo, de modo a se produzirem indesejáveis rima
e ritmo na prosa: "Do fundo do meu coração,
nasce esta expressão da minha gratidão"
(LUFT, 1971) e "Vicente disse que sente, com
freqüência, dor de dente".
· hiato
- Seqüência de vogais que dificulta a pronúncia:
"Vá à aula" (ALMEIDA, 1999) e "A
água refresca a areia à noite".
· parequema
- Encontro de sílabas iguais ou muito parecidas, que produz
sonoridade desagradável: "Deixa a chave
aí", "Essa é uma faca cara"
e "Parece que vejo o teto torto".
Como se disse acima, essas ocorrências fonéticas
são viciosas porque produzidas involuntariamente. Se o
escritor produz esses efeitos sonoros de forma intencional, com
objetivos estéticos, o resultado deixa de ser considerado
vício. Assim, em "Zuniam as asas
azuis", o mesmo efeito sonoro que poderia ser considerado
vicioso (colisão), por ser provocado, denomina-se aliteração,
recurso de estilo.
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