Adéqua ou adequa?
Nem uma nem outra. Os verbos “adequar/adequar-se”,
“brotar”, “doer”, “falir”,
“latir”, “precaver-se”, “reaver”
e outros não se conjugam – na norma culta da
língua e em sentido denotado
– em todos os modos, tempos e pessoas. Por isso, são
chamados “defectivos”.
E por que isso ocorre? As causas são várias:
para evitar confusão com flexões de outros verbos
de emprego mais freqüente ou por questão de eufonia
ou mesmo por desuso. Dessa maneira, a primeira pessoa do presente
do indicativo do verbo “falir” não é
utilizada por já haver a forma “eu falo”,
do verbo “falar”; à pronúncia desagradável
e/ou difícil é atribuída a falta da primeira
pessoa do presente do indicativo e as do presente do subjuntivo
do verbo “abolir”; pelo desuso, justifica-se a
defectividade de “fremir”, “fulgir”,
“haurir”, “jungir”, “ungir”
e outros.
O verbo “adequar/adequar-se” só se conjuga,
no indicativo, na primeira e segunda pessoa do plural (“adequamos”
e “adequais”) e faltam-lhe todas as flexões
do presente do subjuntivo e do imperativo negativo. No imperativo
afirmativo, só é flexionado na segunda pessoa
do plural (“adequai”). Na prática, esse
verbo aparece mais freqüentemente no infinitivo impessoal
ou não-flexionado (“adequar”) e no particípio
(“adequado”). Veja a conjugação
completa desse verbo em RYAN,
1989, p. 82.
Que fazer então? Simples: quando, ao falar ou redigir,
pretendemos empregar tal verbo (ou outros defectivos) em uma
das flexões faltantes, é só substituí-lo
por sinônimo que caiba no contexto considerado. Assim,
construímos “Sua proposta não se compatibiliza
com os interesses da empresa” e “Ajustei
o texto à nova legislação”.
O quadro descrito, porém, não é estático
e eterno: se e quando a maioria dos usuários da língua
resolver mudar tal situação, essa e outras conjugações
da espécie certamente serão alteradas.
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