Dica n.º 166 - Sexta, 31.10.2008
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Adéqua ou adequa?

Nem uma nem outra. Os verbos “adequar/adequar-se”, “brotar”, “doer”, “falir”, “latir”, “precaver-se”, “reaver” e outros não se conjugam – na norma culta da língua e em sentido denotado – em todos os modos, tempos e pessoas. Por isso, são chamados “defectivos”.

E por que isso ocorre? As causas são várias: para evitar confusão com flexões de outros verbos de emprego mais freqüente ou por questão de eufonia ou mesmo por desuso. Dessa maneira, a primeira pessoa do presente do indicativo do verbo “falir” não é utilizada por já haver a forma “eu falo”, do verbo “falar”; à pronúncia desagradável e/ou difícil é atribuída a falta da primeira pessoa do presente do indicativo e as do presente do subjuntivo do verbo “abolir”; pelo desuso, justifica-se a defectividade de “fremir”, “fulgir”, “haurir”, “jungir”, “ungir” e outros.

O verbo “adequar/adequar-se” só se conjuga, no indicativo, na primeira e segunda pessoa do plural (“adequamos” e “adequais”) e faltam-lhe todas as flexões do presente do subjuntivo e do imperativo negativo. No imperativo afirmativo, só é flexionado na segunda pessoa do plural (“adequai”). Na prática, esse verbo aparece mais freqüentemente no infinitivo impessoal ou não-flexionado (“adequar”) e no particípio (“adequado”). Veja a conjugação completa desse verbo em RYAN, 1989, p. 82.

Que fazer então? Simples: quando, ao falar ou redigir, pretendemos empregar tal verbo (ou outros defectivos) em uma das flexões faltantes, é só substituí-lo por sinônimo que caiba no contexto considerado. Assim, construímos “Sua proposta não se compatibiliza com os interesses da empresa” e “Ajustei o texto à nova legislação”.

O quadro descrito, porém, não é estático e eterno: se e quando a maioria dos usuários da língua resolver mudar tal situação, essa e outras conjugações da espécie certamente serão alteradas.

Leia mais em:
Gramática metódica da língua portuguesa, de Napoleão Mendes de Almeida, § 479 e seguintes.
Conjugação dos verbos em português, de Maria Aparecida Ryan, p. 82.
Nova gramática do português contemporâneo, de Celso Cunha e Lindley Cintra, p. 432 e 434-436.


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