Ditongos crescentes e decrescentes
Os ditongos podem-se classificar de acordo
com três diferentes critérios. Um deles baseia-se
na posição da vogal tônica
do ditongo e da semivogal na estrutura da sílaba.
Vale lembrar que no ditongo existem sua vogal tônica
– que não é necessariamente a tônica
da palavra – e a semivogal. Assim, em “ca-ra-gua-tá”,
o “a” assinalado é a vogal tônica
do ditongo /wa/ e não é a tônica da palavra,
que é o último “a”, em “tá”.
Dizemos “vogal tônica do ditongo” porque,
na verdade, a semivogal é também vogal. Então,
no ditongo, há a vogal tônica e a semivogal,
átona.
Muito bem: pelo critério acima mencionado, os ditongos
classificam-se em crescentes e decrescentes.
O que vem a ser isso? Veremos já.
Na estrutura da sílaba, existem três posições:
o ápice ou centro da sílaba – sempre
ocupado por vogal – e as encostas ou laterais: o aclive,
a encosta em que se situa o fonema ou fonemas que antecedem
a vogal, e o declive, encosta em que se localiza o
fonema ou fonemas que a seguem. Vejamos como isso se passa
em alguns exemplos de estrutura da sílaba::
Saiba que nem todas as sílabas possuem fonemas nessas
três posições: há sílabas
que têm fonema no aclive e ápice (“pa”,
em “ca-pa”); outras, no ápice
e declive (“ar”, em “ar-co”)
e outras só no ápice (“a”, em “a-mor”).
Agora, você vai ver alguns exemplos de fonemas na estrutura
de sílabas que apresentam elementos nas três
posições. Tomemos, nas palavras “bo-lor”,
“fil-tro” e “de-mais”,
as sílabas “lor”, “fil” e “mais”.
No alfabeto fonético (que representa tecnicamente os
fonemas), elas são escritas /lor/,
/fil/ e /mays/. Vejamos
agora como essas sílabas dispõem-se nos diagramas
que as representam:
Repare que as vogais sempre ocupam o ápice ou centro
da sílaba. Nesta altura, você deve-se estar perguntando:
ué, onde estão os ditongos crescentes e decrescentes?
Calma, estamos quase chegando lá. A explicação
que acabou de ser dada é necessária para o entendimento
do que vem a seguir.
Acreditamos você haver notado que o último exemplo
de sílaba – /mays/ – contém
ditongo. Se pensou isso, acertou. Realmente, na sílaba
/mays/, existe o ditongo /ay/. Observe que, no diagrama, a
vogal, /a/, do ditongo ocupou o ápice e a semivogal,
/y/, o declive. É assim mesmo que as coisas se passam:
a vogal tônica do ditongo está sempre no ápice
ou centro da sílaba e as semivogais (/y/ = “i”
ou /w/ = “u”), no aclive ou declive. Bem, agora
chegamos ao ponto que interessa: a posição,
na estrutura da sílaba, dos fonemas que compõem
os ditongos.
Sejam as palavras “de-pois”,
“co-meu”, “i-gual”
e “gló-rias”. No alfabeto
fonético, as sílabas assinaladas são
escritas assim: /poys/ - /mew/
- /gwal/ - /ryas/. Sua estrutura
é a mostrada pelos seguintes diagramas:
Você, com sua esperteza, já percebeu que todas
essas sílabas contêm ditongos. Pois é
isso mesmo. Na sílaba 1, o ditongo é /oy/ =
oi; na 2, é /ew/ = eu; na 3, /wa/ = ua e na 4, /ya/
= ia.
Pela observação dos diagramas, constatamos
que nas sílabas 1 e 2 a semivogal está no declive.
Portanto, depois da vogal, que está no ápice.
Então, da posição em que estão
as vogais /o/ e /e/ até o declive, onde se encontram
as semivogais /y/ e /w/, há decréscimo,
ou seja, descemos.
Já nas sílabas 3 e 4 vemos que as semivogais
estão no aclive; portanto, antes da vogal, que está
no ápice. Da posição em que se localizam
as semivogais /w/ e /y/ até o ápice, onde está
a vogal /a/, há subida, isto é, crescimento.
Agora, ficou fácil entender por que se diz que os
ditongos podem ser “crescentes” e “decrescentes”,
não ficou? Assim, o ditongo é crescente
quando a semivogal está no aclive, antes da vogal e,
portanto, cresce-se da encosta (aclive) para o topo
(ápice) da sílaba. Ele é decrescente
quando a semivogal situa-se no declive, depois da vogal e
desse modo decresce-se do ápice para a encosta
(declive) da sílaba. Você pode ainda perguntar:
cresce e decresce o quê? A intensidade da emissão
sonora: da semivogal (fraca) para a vogal (forte) há
crescimento da intensidade do som vocal. Da vogal (forte)
para a semivogal (fraca), há decréscimo.
Exemplos de mais palavras que contêm ditongos crescentes:
“á-gua”, “ân-sia”,
“lí-rio”, “qua-se”,
“sa-güi”, etc.
Palavras em que há ditongos decrescentes: “boi”,
“con-tei”, “fu-giu”,
“rou-pa”, “sau-da-de”,
etc.
A compreensão de tudo isso certamente ajuda a entender
uma das regras de acentuação gráfica,
a que diz que as palavras paroxítonas
terminadas em ditongo crescente são sempre acentuadas,
caso dos exemplos já vistos “água”,
“ânsia”, “lírio”, etc.
Para ler mais sobre esse tema, clique aqui.
|