Anacoluto irritante
Entre os modismos lingüísticos de mau gosto que
assolam o Brasil de nossos dias encontra-se desnecessário
e irritante anacoluto, que consiste na colocação
redundante de pronome pessoal reto como segundo sujeito de
verbo. É o caso de “Nossa empresa, ela
encontra-se em franca expansão”, “O povo
brasileiro, ele precisa escolher melhor seus
representantes” e “Meu cachorrinho, ele
não pára de morder meu pé”.
A crítica a esse uso decorre da inutilidade do emprego
pleonástico do pronome reto, uma vez
que, como acabamos de ver nos exemplos acima, os verbos já
têm o respectivo sujeito: “nossa empresa”,
sujeito de encontra-se; “o povo brasileiro”,
sujeito de precisa escolher; “meu cachorrinho”,
sujeito de não pára. Em razão
de tal anomalia, a estrutura sintática é quebrada
de forma não-intencional, despida, portanto, de qualquer
propósito estético.
É verdade que truncamentos sintáticos ocorrem
com freqüência na linguagem oral e, de forma elegante,
na escrita. Mas neste caso falamos de quem sabe o que faz
e dá “show” nisso. O que agora abordamos,
porém, está-se transformando em praga sem proveito.
Poderíamos chamá-la de “anacoluto vicioso”.
Fiquemos, pois, atentos para a boa e correta expressão
verbal.
Para resumir: o anacoluto de que tratamos neste texto é,
no máximo, tolerável na linguagem oral, mas
não deve ser utilizado na escrita.
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