Dica n.º 129 - Sexta, 29.07.2005
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Junto, junto a, junto de

O emprego dessas formas às vezes causa dúvida. Vejamos como devem ser utilizadas conforme a norma culta:

Junto – É particípio irregular do verbo “juntar”, ao lado de juntado. (O critério para usar um e não o outro você encontra na dica n.º 29.) Assim, “Tenho juntado centenas de selos nos últimos cinco anos”, mas “Vocês permanecerão juntos”. Repare que na condição de particípio tal vocábulo pode exercer função adjetiva. Neste caso, flexiona-se e concorda com o sujeito: “Envio a planilha junta = anexa”, “Os cavalos estão juntos”. Podemos também inverter os termos: “Brincamos juntos na avenida 7” ou “Juntos brincamos na avenida 7”, “Elas permanecerão juntas” ou “Juntas elas permanecerão”. Observe que em construções como “As duas empresas cresceram juntas, com a cidade”, “junto” continua a ser adjetivo. Deve, pois, flexionar-se, já que não forma locução prepositiva com a preposição “com”. Prova disso é a possibilidade de mudança da ordem dos termos: “Juntas, as duas empresas cresceram com a cidade”. Em resumo: na condição de adjetivo, junto vincula-se ao sujeito e com ele deve concordar em gênero (masculino/feminino) e número (singular/plural).

Em outros contextos, junto pode ser classificado como advérbio, quando significa “juntamente”, “ao mesmo tempo”. Neste caso, vincula-se ao verbo e mantém-se invariável, como em: “Mando junto (= juntamente) os recibos solicitados”, “Junto (= juntamente) seguem os relatórios das perícias” e “Junto (= juntamente) com o relatório, remeto os comprovantes das despesas". Nestes exemplos, junto modifica as formas verbais “mando”, “seguem” e “remeto”. Função adverbial, portanto. Tanto é assim que se perguntamos ao verbo: de que forma mando os recibos, de que forma seguem os relatórios, de que forma remeto os comprovantes? A resposta é uma só: junto ou juntamente.

Junto pode também integrar locução prepositiva com “a” e “de” e assim se manter igualmente invariável, pois tal sintagma também se vincula ao verbo: “O ex-presidente foi nomeado embaixador junto ao (= adido ao) governo italiano”, “Jorge comprou chácara junto à minha (junto a + a = do lado da)”, “Construíram duas casas junto ao lago”, “Esperei o socorro junto do carro” e “Quero trabalhar junto dela”. Sabemos que tal locução liga-se ao verbo porque podemos perguntar a este: “Para trabalhar onde o embaixador foi nomeado, onde Jorge comprou a chácara, onde construíram as casas, onde esperei o socorro e onde quero trabalhar”? As respostas são adjuntos adverbiais, ou seja, elementos que modificam o verbo.

Deve-se evitar empregar a locução junto a como equivalente de “com”, “de”, “em” e “para”, a exemplo de “Os deputados trataram das reivindicações de suas comunidades junto ao diretor” (melhor, “trataram com o diretor”); “Conseguimos autorização junto à Agência Nacional de Telecomunicações” (melhor, “conseguimos autorização da Agência”); “Pleiteamos empréstimo junto ao Banco do Brasil” (melhor, “pleiteamos empréstimo no Banco do Brasil); “O vereador levará a notícia junto à associação de bairro” (melhor, “levará a notícia para a associação”).

Leia mais em:
Dicionário de erros correntes da língua portuguesa, de João Bosco Medeiros e Adilson Gobbes, verbetes “Junto a” e “Junto/Junta”.
Dicionário de questões vernáculas, de Napoleão Mendes de Almeida, verbetes “Junto” e “Junto a”.
Não erre mais!, de Luiz Antonio Sacconi, pp. 276-277.

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