Junto, junto a, junto
de
O emprego dessas formas às vezes causa dúvida.
Vejamos como devem ser utilizadas conforme a norma culta:
Junto – É particípio
irregular do verbo “juntar”, ao lado de juntado.
(O critério para usar um e não o outro você
encontra na dica
n.º 29.) Assim, “Tenho juntado
centenas de selos nos últimos cinco anos”, mas
“Vocês permanecerão juntos”.
Repare que na condição de particípio
tal vocábulo pode exercer função adjetiva.
Neste caso, flexiona-se e concorda com o sujeito: “Envio
a planilha junta = anexa”, “Os
cavalos estão juntos”. Podemos
também inverter os termos: “Brincamos juntos
na avenida 7” ou “Juntos brincamos
na avenida 7”, “Elas permanecerão juntas”
ou “Juntas elas permanecerão”.
Observe que em construções como “As duas
empresas cresceram juntas, com a cidade”,
“junto” continua a ser adjetivo. Deve, pois, flexionar-se,
já que não forma locução
prepositiva com a preposição “com”.
Prova disso é a possibilidade de mudança da
ordem dos termos: “Juntas, as duas
empresas cresceram com a cidade”. Em resumo: na condição
de adjetivo, junto vincula-se ao sujeito e com ele
deve concordar em gênero (masculino/feminino) e número
(singular/plural).
Em outros contextos, junto pode ser classificado
como advérbio, quando significa “juntamente”,
“ao mesmo tempo”. Neste caso, vincula-se ao verbo
e mantém-se invariável, como em: “Mando
junto (= juntamente) os recibos solicitados”,
“Junto (= juntamente) seguem os relatórios
das perícias” e “Junto
(= juntamente) com o relatório, remeto os comprovantes
das despesas". Nestes exemplos, junto modifica
as formas verbais “mando”, “seguem”
e “remeto”. Função adverbial, portanto.
Tanto é assim que se perguntamos ao verbo: de que forma
mando os recibos, de que forma seguem os relatórios,
de que forma remeto os comprovantes? A resposta é uma
só: junto ou juntamente.
Junto pode também integrar locução
prepositiva com “a” e “de” e assim
se manter igualmente invariável, pois tal sintagma
também se vincula ao verbo: “O ex-presidente
foi nomeado embaixador junto ao (= adido
ao) governo italiano”, “Jorge comprou chácara
junto à minha (junto a +
a = do lado da)”, “Construíram duas casas
junto ao lago”, “Esperei o socorro
junto do carro” e “Quero trabalhar
junto dela”. Sabemos que tal locução
liga-se ao verbo porque podemos perguntar a este: “Para
trabalhar onde o embaixador foi nomeado, onde Jorge comprou
a chácara, onde construíram as casas, onde esperei
o socorro e onde quero trabalhar”? As respostas são
adjuntos adverbiais, ou seja, elementos que
modificam o verbo.
Deve-se evitar empregar a locução junto
a como equivalente de “com”, “de”,
“em” e “para”, a exemplo de “Os
deputados trataram das reivindicações de suas
comunidades junto ao diretor” (melhor, “trataram
com o diretor”); “Conseguimos
autorização junto à Agência
Nacional de Telecomunicações” (melhor,
“conseguimos autorização da
Agência”); “Pleiteamos empréstimo
junto ao Banco do Brasil” (melhor, “pleiteamos
empréstimo no Banco do Brasil); “O
vereador levará a notícia junto à
associação de bairro” (melhor, “levará
a notícia para a associação”).
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