Onomatopéias
Muito pouco espaço as gramáticas dedicam
a esse tipo de palavra. As onomatopéias são
vocábulos imitativos, isto é, imitam ou
tentam reproduzir sons ou ruídos que se ouvem
à nossa volta, na Natureza. Sua sonoridade já
expressa o sentido. Geralmente, as onomatopéias
classificam-se como substantivos, verbos ou interjeições.
Veja alguns exemplos abaixo: |
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Substantivos – Muitos substantivos
que são onomatopéias provêm de verbos
imitativos de vozes de animais: miado, piado,
silvo, zumbido, de “miar”,
“piar”, “silvar”, “zumbir”.
Outros são obtidos pela substantivação
de verbos desse tipo: o coaxar, o rosnar, um cricrilar.
Outros ainda são simples aproximação
de sons: bem-te-vi, reco-reco, tique-taque, xique-xique.
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Verbos – Muitos verbos que reproduzem vozes
de animais têm origem onomatopaica: chiar
(insetos), cricrilar (grilos), coaxar
(sapos), miar (gatos), piar (pássaros),
silvar (cobras), trissar (pássaros,
morcegos), uivar (cães, lobos), zumbir
e zunir (insetos). |
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Interjeições – Buf!,
bum!, craque!, pá!, paf!, tchibum!, toque-toque,
tsss!, zás-trás. |
Apesar de as onomatopéias não poderem ser
consideradas a fonte original e corriqueira das palavras,
é inegável que há, nas línguas,
preferência onomatopaica na criação lexical
para designar ou descrever muitos seres, objetos e fenômenos
naturais. Fato lingüístico comum é a chamada
“reduplicação”, possivelmente originária
da linguagem infantil (confira au-au, mamãe,
papai, titio, vovô), que
consiste na repetição de sílabas ou apenas
de consoantes para indicar atos repetitivos ou contínuos:
assim, para ficar só no português, temos cacarejar,
chuchurrear, ciciar, cochichar,
murmurar, pipiar, titilar, etc.,
além dos já citados reco-reco, tique-taque
e xique-xique. Percebemos assim que a reduplicação
de base onomatopaica reproduz aproximadamente sons do ambiente
natural e tem função morfológica.
A especificação (reduplicação
de base onomatopaica) faz-se necessária porque
há reduplicações que não têm
essa base, embora também exerçam função
morfológica, como as existentes em certas línguas
indígenas brasileiras – para indicar número
plural –, africanas e outras.
O termo “onomatopéia” provém do
latim onomatopœia, derivado do grego (onomatopoiia),
palavra formada de
(ônoma = nome) +
(poiêo = fazer) +
(ia = ação de).
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