Está na hora do Brasil fazer
reformas.
Que lhe parece? Os gramáticos tradicionais torcem
o nariz para essa construção e a condenam. Por
quê? Porque com a combinação da preposição
de com o artigo o o sujeito do infinitivo
(Brasil) acaba dependendo do substantivo “hora”,
que o antecede, o que dá origem ao sintagma
hora do Brasil. O sujeito ficaria indevidamente regido
de preposição. E não se tem isso aí.
Na verdade, o que há é a expressão “está
na hora”, completada por infinitivo, no caso, “fazer”.
Assim, o que queremos dizer é que “está
na hora de fazer reformas”. Quem? O Brasil. Reconstruindo
a frase, podemos dizer “Está na hora de fazer
reformas o Brasil” ou, em outra ordem, “Está
na hora de o Brasil fazer reformas”. Lembremo-nos pois
que, em casos como esse, a expressão “está
na hora” deve ser seguida da preposição
de e de um verbo no infinitivo: “está
na hora de sair”, “está na hora de almoçar”,
“está na hora de voltar”, etc. O sujeito
desse infinitivo pode posicionar-se antes ou depois do verbo:
“Está na hora de levar a sério o estudo
o aluno” ou “Está na hora de o aluno levar
o estudo a sério”.
Entretanto... Ah, existe um entretanto aí. Gramáticos
de renome admitem a combinação. Evanildo Bechara,
em sua Moderna gramática portuguesa (BECHARA,
1977: 311-312), ensina que a combinação aí
ocorre como fato natural da língua, pelo contato da
preposição com o artigo. “Na realidade
não se trata de regência preposicional do sujeito,
mas do contato de dois vocábulos que, por hábito
e por eufonia, costumaram vir incorporados na pronúncia.”
(Idem) Bechara cita vários autores consagrados que
adotaram tal prática em seus escritos, como Alexandre
Herculano, Rui Barbosa, Epifânio Dias e outros e dá
como exemplo a famosa frase “Está na hora da
onça beber água”.
E aí, como ficamos? Bem, qualquer que seja a opção
escolhida, você estará respaldado. Contudo, a
prudência recomenda, especialmente em provas escolares
ou concursos, o emprego da construção tradicional,
isto é, sem a combinação: “Está
na hora de a onça beber água”. Se você
insistir na combinação e seu texto for corrigido,
haverá possibilidade de recurso e sua posição
deverá prevalecer, pois conta com respaldo de gramático
respeitado. É preciso, porém, nessa atitude,
pesar a relação custo/benefício.
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