O mais possível
O uso dessa expressão costuma confundir as pessoas,
principalmente quando acompanhada de nomes no plural. Vamos
esclarecer, pois. Seja a oração “Tais
títulos são os mais rentáveis possíveis”.
Se nela está inserida aquela expressão –
o mais possível = o mais que é
possível – algo está errado, não
é? E está mesmo porque se trata da locução
adverbial “o mais possível”, que, por sua
natureza, é invariável. Assim, devemos reescrever
a oração como “Tais títulos são
o mais rentáveis possível”
ou então “Tais títulos são rentáveis
o mais (que é) possível”.
Repare que a nossa locução modifica o adjetivo
“rentáveis” e não, o substantivo
“títulos”. Por ser adverbial, o “o”
e o “possível” não se flexionam
e é por isso que não se pode construir, como
acima, “Tais títulos são
os mais rentáveis possíveis”.
Nada disso. Em qualquer construção em que essa
locução entre, ela fica invariável: o
mais possível. Outros exemplos:
• “Apresentaram desculpas o mais
esfarrapadas possível” ou “Apresentaram
desculpas esfarrapadas o mais possível”;
• “As reações ao medicamento foram
o mais variadas possível”
ou “As reações ao medicamento foram variadas
o mais possível”;
• “Ofereceram objeções o
mais estapafúrdias possível”
ou “Ofereceram objeções estapafúrdias
o mais possível”.
Há alternativas a essas construções,
como “Apresentaram desculpas o mais possível
esfarrapadas” ou “Apresentaram desculpas quanto
possível esfarrapadas” ou ainda “Apresentaram
desculpas esfarrapadas quanto possível”.
Essa é a posição defendida por Napoleão
Mendes de Almeida. Há autores, porém, que dela
divergem, como Luiz A. Sacconi e José De Nicola &
Ernani Terra, os quais é conveniente também
consultar. (Veja abaixo.) Conhecendo diferentes concepções,
o estudante definirá sua preferência, que, qualquer
que seja, estará respaldada por autor de renome.
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