Meio
Tratamos aqui de “meio” enquanto advérbio
ou numeral. Como advérbio, não varia e modifica
adjetivos. Assim, temos “Leonardo estava meio
preocupado” e “Lourdes bebeu e ficou meio
tonta”. Nestes exemplos, meio significa “um
pouco”, “mais ou menos”. Meio pode também
funcionar como numeral – significa “metade de
um” – e nesse caso concorda com o substantivo
que acompanha. Exemplos: “Rosário tomou meio
litro de chope” e “Joabel comprou 12 meias
garrafas de cerveja”. Fiquemos atentos para esses
empregos em expressões do tipo “meio acabada/meia
acabada”, “meio terminada/meia terminada”
e “meio aberta/meia aberta”. Se digo que o pedreiro
entregou a parede meio terminada (meio = advérbio),
quero dizer que a entregou ainda por terminar. Se, porém,
digo que ele entregou a parede meia terminada (meio = numeral),
isso significa que ela está construída pela
metade. O mesmo vale para “porta meio aberta”,
ou seja, porta entreaberta. Se digo porta meia aberta,
quero dizer que está aberta pela metade. Caso curioso
é o de “meio” ao acompanhar meio-dia.
Por princípio lógico, devemos dizer “meio-dia
e meia”, pois estamos querendo dizer que se trata de
metade do dia mais meia hora, substantivo aí subentendido.
Entretanto, por influência do gênero masculino
de “meio-dia”, é comum ouvirmos “meio-dia
e meio”. Contudo, isso significará, literalmente,
“meio-dia mais metade de um dia”. Essa contaminação
de gênero também é freqüente em exemplos
como “Depois da cerveja, Leo ficou meia
alegrinha”, quando na verdade não se quer dizer
que ela ficou “alegre” pela metade, mas um pouco,
mais ou menos. Estes últimos exemplos indicam evolução
lingüística e são admitidos na linguagem
coloquial, mas se quisermos ficar em paz com a prescrição
da Gramática, especialmente na língua escrita,
devemos atentar para o real sentido que os vocábulos
tradicionalmente têm.
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