Dica n.º 102 - Sexta, 25.04.2003
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Meio

Tratamos aqui de “meio” enquanto advérbio ou numeral. Como advérbio, não varia e modifica adjetivos. Assim, temos “Leonardo estava meio preocupado” e “Lourdes bebeu e ficou meio tonta”. Nestes exemplos, meio significa “um pouco”, “mais ou menos”. Meio pode também funcionar como numeral – significa “metade de um” – e nesse caso concorda com o substantivo que acompanha. Exemplos: “Rosário tomou meio litro de chope” e “Joabel comprou 12 meias garrafas de cerveja”. Fiquemos atentos para esses empregos em expressões do tipo “meio acabada/meia acabada”, “meio terminada/meia terminada” e “meio aberta/meia aberta”. Se digo que o pedreiro entregou a parede meio terminada (meio = advérbio), quero dizer que a entregou ainda por terminar. Se, porém, digo que ele entregou a parede meia terminada (meio = numeral), isso significa que ela está construída pela metade. O mesmo vale para “porta meio aberta”, ou seja, porta entreaberta. Se digo porta meia aberta, quero dizer que está aberta pela metade. Caso curioso é o de “meio” ao acompanhar meio-dia. Por princípio lógico, devemos dizer “meio-dia e meia”, pois estamos querendo dizer que se trata de metade do dia mais meia hora, substantivo aí subentendido. Entretanto, por influência do gênero masculino de “meio-dia”, é comum ouvirmos “meio-dia e meio”. Contudo, isso significará, literalmente, “meio-dia mais metade de um dia”. Essa contaminação de gênero também é freqüente em exemplos como “Depois da cerveja, Leo ficou meia alegrinha”, quando na verdade não se quer dizer que ela ficou “alegre” pela metade, mas um pouco, mais ou menos. Estes últimos exemplos indicam evolução lingüística e são admitidos na linguagem coloquial, mas se quisermos ficar em paz com a prescrição da Gramática, especialmente na língua escrita, devemos atentar para o real sentido que os vocábulos tradicionalmente têm.


Leia mais em:
Gramática metódica da língua portuguesa, de Napoleão Mendes de Almeida, § 261, B, inclusive as notas.
Não erre mais!, de Luiz Antonio Sacconi, pp. 241 e 291.
1001 dúvidas de português, de José De Nicola e Ernani Terra, pp.147-148.
Todo o mundo tem dúvida, inclusive você., de Édison de Oliveira, pp. 145 e 175.

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