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Uso do dicionário
É dever do professor de língua materna orientar o
estudante, especialmente o das séries iniciais, a respeito
do uso do dicionário. Há vários "macetes"
nesse particular, que, se não forem observados, dificultarão
a localização do que se quer encontrar. Comentemos
inicialmente a respeito da oposição masculino
vs. feminino. Com exceção de alguns nomes mais
usuais, como menina, professora, gata, vaca
e muitos outros, os demais são consignados no dicionário
geralmente pela forma masculina, especialmente os adjetivos. Se
procurarmos os verbetes senadora, bombeira, carteira
(feminino de carteiro), completa, perfeita, portuguesa,
não os vamos encontrar, apenas "senador", "bombeiro",
"carteiro", "completo", "perfeito",
"português". Há, porém, exceções:
o Aurélio registra alemã como feminino de alemão.
Já francesa, inglesa e mexicana são
apresentados com outros significados que não o simples feminino
dos correspondentes masculinos. Geralmente, quando, no verbete da
forma masculina, há indicação da feminina,
trata-se do interesse em precisar sua pronúncia.
Os substantivos que possuem, na língua portuguesa, formas
do masculino e do feminino bem distintas (como homem/mulher,
bode/cabra) são comumente encontrados assim nos dicionários.
Contudo, dos nomes cuja distinção de gênero
é operada mediante o uso de desinências (garoto/garota,
dicionarizados) nem sempre se encontra a flexão feminina,
como é o caso de búfalo. O Aurélio somente
registra o masculino, sem mencionar seu feminino, mas o dicionário
de língua portuguesa da Encyclopaedia Britannica (3 vols.)
consigna "búfalo" e, no verbete, informa que o
feminino é "búfala". A ausência de
certas informações lexicográficas dá
a medida da completude de um dicionário.
Outro aspecto do que falamos aqui se refere à oposição
singular vs. plural. A forma geral registrada é
a singular, o que mostra considerarem os lexicógrafos (dicionaristas)
ser a palavra no plural apenas variação da forma singular
e não, outra palavra. Entretanto, as formas do singular e
do plural dos vocábulos portugueses de origem latina (a maioria)
tiveram evolução paralela e autônoma. Mesmo
assim, a busca de verbetes deve, pois, ser feita pela forma singular.
Nomes compostos muitas vezes não são consignados
e deve-se procurar por um de seus elementos constituintes. Por exemplo,
não se encontra ponto de vista. Entretanto, no verbete
ponto, ao final de suas acepções, há
menção a "ponto de vista" e a outros subverbetes
em que aparece o elemento "ponto". O mesmo ocorre com
relação a livro de ouro, encontrado no verbete
"livro" e a Semana Santa, que aparece no verbete
semana.
Quanto aos advérbios, de modo geral, é inútil
procurar os terminados em -mente, salvo algumas exceções,
como friamente, que o Aurélio registra. Esses advérbios
de modo são derivados de adjetivos na forma feminina, como
claramente (de clara); prontamente (de pronta);
seguramente (de segura). Assim, se quisermos saber
o sentido de peremptoriamente, será preciso buscar
o adjetivo que lhe dá origem, ou seja, peremptória,
que também não aparece. O que está lá
é o masculino peremptório.
Por fim, enfocamos as formas verbais, que devem ser procuradas
no dicionário pelo infinitivo. De nada adianta tentar localizar
cantava, comia, saía e punha,
que não serão encontradas. O apropriado é buscar
cantar, comer, sair e pôr. Contudo,
o particípio sempre aparece, pois é levada em consideração
sua função adjetiva. Ainda assim, a forma feminina
nem sempre é contemplada e mesmo quando ela é substantivada
às vezes não figura. Assim, o Aurélio consigna
estimado, mas não, estimada; cansado,
mas não, cansada; registra amado, mas não,
amada, embora esta possa também significar a mulher
que alguém ama; querido, mas não, querida,
que, como substantivo, é algo ou alguém que se quer
muito.
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