Dica n.º 77 - Sexta, 18.01.2002
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Darmos e dar-mos

Percebe-se em redações, com freqüência, equívoco que se deduz decorrente do desconhecimento do modo de construção das palavras: o uso incorreto de -mos. Essa partícula, mais apropriadamente morfema, embora pouco usada, resulta da combinação do pronome oblíquo me (= para mim) com o artigo masculino plural os: me + os = mos. Assim, se alguém me diz: “Aqui estão os livros.”, posso responder: “Você poderia dar-mos?”, que equivale a “Você poderia dar-me os livros?”. Evidentemente, na língua oral, seria pouco provável depararmos com esse uso, mas ele é legítimo.  O equívoco referido decorre da confusão entre a combinação que se acabou de descrever e o morfema verbal -mos, que aparece na flexão dos verbos na primeira pessoa do plural do infinitivo pessoal ou flexionado. Ao conjugar o verbo “dar” nessa forma nominal e nessa pessoa, tem-se “darmos”, como em “É preciso darmos atenção aos questionamentos dos alunos”. Neste caso, seria descabida a separação “dar-mos”, pois a partícula “-mos” faz parte do vocábulo, é parte integrante dele. O inverso acontece com outros pronomes oblíquos, como -nos (= para nós). Como não integram a forma verbal, devem ser escritos com o hífen separador: “Torçamos para o instituto dar-nos (dar a nós) a oportunidade que almejamos”.

Em resumo, em dar-mos, temos duas palavras: o verbo “dar” acompanhado da combinação “-mos” (o pronome oblíquo me + o artigo masculino plural os). Em darmos, temos uma só palavra, o verbo “dar”, flexionado na primeira pessoa do plural do infinitivo pessoal. O estudo dos pronomes oblíquos e de sua combinação com artigos contribuirá em muito para o esclarecimento desta questão.


Leia também em:
Conjugação dos verbos em português, de Maria Aparecida Ryan, p. 97.
Português instrumental, de Dileta Silveira Martins e Lúbia Scliar Zilberknop, pp. 545-546.

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