Em epígrafe ou à epígrafe?
A construção portuguesa é em epígrafe ou então
na epígrafe, se se preferir usar o artigo feminino "a".
Quando se utiliza "em epígrafe", não se está empregando
artigo: "Refiro-me ao memorando em epígrafe para
informar-lhe que...". Aí, a citada expressão significa
"em destaque", "em evidência". Se se utilizar
o artigo, a expressão ficará "na epígrafe", pois
a preposição "em" combinar-se-á com o artigo "a"
(em + a = na): "Refiro-me ao memorando indicado
na epígrafe para informar-lhe que...". Com efeito,
a preposição “em” é a mais indicada para expressar localização:
“Isso foi mencionado na página 35”, “A palavra em questão
encontra-se na linha 28” e “O pagamento foi citado
em carta anterior”. Em LUFT,
1999, verifica-se que a preposição “a” é empregada, juntamente
com particípios com função adjetiva, com sentido de “para”:
“Algo mencionado a alguém = para alguém” e “Caso
ou fato referido à autoridade policial = para
a autoridade policial”. Em outras construções, ela igualmente
tem esse sentido: “Dei parabéns ao chefe = para o chefe”
e “Diga a Pedro (para Pedro) que já voltei”. O emprego
da preposição “a” para indicar localização revela influência
francesa e é por isso que o uso da expressão à epígrafe
deve ser evitado, por ser considerado galicismo
ou francesismo.
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