Uniformidade de tratamento
A comunicação oral ou escrita no âmbito
da norma culta requer uniformidade de tratamento e concordância
verbal em função da pessoa do discurso
considerada. Assim, se a pessoa escolhida for a segunda
do singular, os pronomes e o verbo devem estar igualmente
nela. Exemplo: "Tu nunca te esqueces
de visitar tua terra natal, não é?".
Se a pessoa for a terceira, é preciso converter
os termos para ela: "Você nunca se
esquece de visitar sua terra natal, não
é?". Observe que "você",
embora se refira à pessoa com quem se fala (segunda),
é pronome de tratamento e, como tal, pertence
à terceira pessoa gramatical e para ela leva
o verbo. No caso da primeira do plural, a mesma coisa:
"Nós nunca nos esquecemos
de visitar nossa terra natal, não é?".
Nestes exemplos, o possessivo foi intercambiado apenas
para servir de mais um elemento de concordância,
pois a "terra natal" poderia ser a de quem
quer que fosse. Entretanto, a primeira frase, por exemplo,
não poderia ser construída como "Tu
nunca te esqueces de visitar sua terra
natal, não é?", se "terra natal"
fosse a do interlocutor. Lembre-se de que pronomes de
tratamento como Vossa Senhoria, Vossa Excelência
e outros, apesar do "vossa", situam-se na
terceira pessoa gramatical e, conseqüentemente,
para ela levam o verbo: "V. Ex.ª é
muito previdente". É preciso estar atento
para a concordância para não se cometerem
erros como "Não te falei que você
iria conseguir?" e "Foi nesse momento que
eu caí em si". A primeira
frase ainda é tolerável na linguagem coloquial,
mas a segunda é imperdoável se quem a
pronuncia passou pela escola.
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