Dica n.º 17 - Sexta, 17.11.2000
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Dígrafo

Vez por outra, deparamos com esse termo da Gramática, que expressa fenômeno lingüístico interessante em português. Mas afinal, o que é dígrafo?

Dígrafo - do grego di, dois, e grafo, escrever - é dupla de letras que representa um só fonema, como "an" (em santo), que representa o fonema /ã/; "ss" (em passo), que representa /s/; "nh" (em pinho), que representa /ñ/; e outros. Portanto, nos dígrafos, as letras não formam encontro consonantal, já que não são pronunciadas as duas consoantes, pois se trata de um único fonema. Na verdade, a existência dos dígrafos revela deficiência do nosso alfabeto, pois o ideal seria que cada fonema fosse representado por uma única letra. Os dígrafos no português brasileiro são os seguintes:

dígrafo fonema representado
palavra-exemplo
am /ã/ ambos
an /ã/ antigo
ch /š/ chuva
em // sempre
en // entrada
gu /g/ guelra, guia (neste caso, usa-se "gu" somente antes de "e" e "i" e o "u" não é pronunciado.)
ha /a/
he /e/ hemisfério
he, hé / e / hera, lice
hi /i/ hipismo
ho /o/ hoje
ho, hó // homem, spede
hu /u/ humano
im /ĩ/ impedir
in /ĩ/ indicador
lh /l / galho
nh /ñ/ ninho
om /õ/
ombro
on /õ/ onde
qu /k/ queijo, quilo (neste caso, usa-se "qu" somente antes de "e" e "i" e o "u" não é pronunciado.)
rr / / terra
sc /s/ nascer
/s/ creo
ss /s/ esse
um /ű/ umbigo
un /ű/ mundo
xc /s/ exceção
xs /s/ exsurgir

Observe ainda que:
1. Quando as duas letras são pronunciadas, não se trata de dígrafo: quase, freente, eidade, liniça, escada, exclamação, etc. O trema é colocado sobre o "u" exatamente para indicar que ele deve ser pronunciado.
2. No final de palavras como cantam, armazém e correm, "am" e "em" não são dígrafos, pois representam os ditongos nasais /ãw/ e /y/, respectivamente, ou seja, dois fonemas.
3. Na divisão silábica, apenas seis desses dígrafos são separáveis na escrita: rr, ss, sc, sç, xc, xs. Assim, temos: car-ro, pas-so, des-ci-da, des-ça, ex-ce-to, ex-su-da-çao.

Leia mais em:
Dicionário gramatical da língua portuguesa, de Celso Pedro Luft.
Gramática metódica da língua portuguesa, de Napoleão Mendes de Almeida.
Nova gramática do português contemporâneo, de Celso Cunha e Lindley Cintra.
Novíssima gramática da língua portuguesa, de Domingos Paschoal Cegalla.

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