O mesmo
"João foi promovido ontem. O mesmo será
homenageado na próxima semana."
É comum ler-se construções desse tipo,
onde o vocábulo "mesmo" é empregado
dessa forma inadequada. E por que se deve evitar esse tipo
de uso? Porque demonstrativos como tal, mesmo, próprio
servem para identificar alguma coisa, ou seja, para indicar
que se trata de alguém ou algo de quem ou do que já
se falou ou já se sabe distinguindo-o de outro alguém
ou outra coisa: "Li XYZ. Não me agradou tal
livro", "Essa é a mesma salada de
ontem" e "Dá na mesma (coisa)".
No primeiro caso, tal indica que o livro é aquele
e não, outro. No segundo, mesma evidencia tratar-se
de determinada salada em oposição a outras e,
no terceiro, que se está falando de certa coisa e não,
de outras. Portanto, é incorreto dizer-se: "João
foi promovido ontem. O
será homenageado na próxima semana", pois
neste caso não se está distinguindo João
de nenhum outro João. Essa construção
pode ser refeita, de maneira mais acertada, assim: "João
foi promovido ontem. Ele será homenageado..."
ou "João foi promovido ontem e será homenageado..."
ou ainda: "João, que foi promovido ontem, será
homenageado...". Há muitos recursos para se fugir
da incorreção ou da pobreza no uso da linguagem.
Mesmo e mesma, próprio e própria
e seus plurais são ainda empregados para reforço
de expressão, no que mantêm o princípio
que norteia o uso descrito acima. Assim, "eu mesma fiz
o bolo" (eu e ninguém mais), "nós
mesmos preferimos vir para receber o prêmio" (nós,
não outros) e "o próprio chefe redigiu
o memorando" (deveria ser outra pessoa, mas foi ele).
Veja, no Glossário Gramatical, o verbete pronome
demonstrativo.
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